23.11.09

Conversas Cruzadas

Dia desses, conversava com 2 professores, considerados revolucionários da educação em sua época, pois eles acreditavam que a aprendizagem não se restringe somente a sala de aula e que a criança precisa ter liberdade para criar estratégias para resolver situações cotidianas.

O papo iniciou com Célestine Freinet, que casualmente nasceu no dia em que no Brasil comemora o Dia do Professor, *15/10/1896 - +08/10/1966. Ele considerava que a criança é o centro da sua própria educação, valorizando sua livre expressão deixando-as criar, expressar-se, socializar em grupo, agir, descobrir e se organizar, com isso os pequenos formam-se cidadãos autônomos e cooperativos.
Essas considerações de Freinet ainda são muito debatidas hoje, um exemplo é aquele professor que ainda se considera o detentor do saber, não deixando o aluno criar e descobrir soluções, ao contrário, entrega tudo pronto, considerando-o vazio.
Freinet sustentava também que a sala de aula precisava se expandir para seu exterior, chamando esta etapa de Aula-Passeio. Este tipo de aula leva a uma elaboração em 4 etapas, e conforme minha experiência, são aulas muito proveitosas quando bem planejadas:
1-Motivação-é a expectativa gerada pelo ansiedade diante do novo.
2-Preparação-nesta fase eu costumo fazer a organização juntamente com meus alunos, aí entram detalhes como o tipo de transporte que será utilizado, os materiais necessários, as regras gerais durante a atividade e o levantamento de hipóteses neste trajeto.
3-Ação-É no momento do retorno, onde será organizado o levantamento de hipóteses e as descobertas sobre o assunto vivenciado.
4-Comunicação-O fechamento deste tipo de aula se dará de maneiras variadas conforme o assunto que foi trabalhado, vai desde redações, desenhos, relatos coletivos e até exposição destas atividades.
Eu considero estas aulas estimulantes, a vivência fora de quatro paredes, é carregada de ações e novas descobertas, principalmente para o aluno de hoje, que passa muitas horas em frente a vídeo-games, instrumento que está suprindo a falta da família diariamente. Nestes momentos o aluno pode vivenciar ações, que serão levadas para o seu cotidiano escolar.

A conversa continuou com Maria Montessori, *31/08/1870-+06/05/1952, como era médica, sua preocupação era também com o desenvolvimento biológico da criança. Ela afirmava que um ambiente adequado, onde a criança possa se movimentar livremente, esta desenvolverá melhor suas atividades mentais e reflexivas.
Por isso a importância, principalmente com as crianças da Educação Infantil, que as aulas sejam mais recreativas do que escritas. O livre expressar do corpo, em um ambiente ordeiro que proporcione respeito ao espaço do outra, fará com que os pequenos aprendam a dominar a si mesmos, coordenando movimentos e controlando ações.
O que vemos hoje em muitas escolas, é a ansiedade dos pais em ver seus filhos escrevendo desde muito cedo, sem nem mesmo dominar sua motricidade ampla, tão defendida por Montessori, ou seja, queimando etapas tão importantes para toda a vida.

19.11.09

Como se constrói uma edificação sólida?

A primeira providência é fazer um bom PLANEJAMENTO. E o que vem a ser esta etapa? É a mais importante e deve ser bem detalhada, pois é a partir dela que iremos colocar nossas ideias em prática. Começa assim: o que quero e como quero; o que usar e como usar; para que fazer e quem irá usufruir e finalmente onde fazer. Após o planejamento pronto chegou a hora de se utilizar dos serviços de um bom ARQUITETO para desenhar o projeto. Feito um esboço, ele parte para a prancheta e com lápis e réguas define o desenho. Bom, ainda temos a parte da solidez que fica a cargo de um ENGENHEIRO, este vai verificar a confiabilidade dos materiais e a se a estruturação está ficando sólida com resultados concretos. Em todo serviço que envolve mais de uma pessoa, precisa-se de um responsável que direcione e oriente a estrutura humana, pois para este projeto ficar pleno, todas as partes devem trabalhar de maneira COLABORATIVA E PARTICIPATIVA. E como saber se este projeto está ficando sólido? Os resultados virão com as trocas de ideias, experiências e a aquisição de novos conhecimentos aliados com os que previamente cada um já trás.

Arquiteturas Pedagógicas são prédios de construções reflexivas e flexíveis com
muitas escadas, onde os engenheiros serão os próprios alunos juntamente com o professor e juntos desenvolverão as ações sobre os novos aprendizados, a colaboração, a participação e a interação são fundamentais. Estas arquiteturas tem a finalidade de resgatar aprendizados já conhecidos mas de maneiras inovadoras, para que uma nova visão da tal obra possa interagir com as novas experiências.


18.11.09

O que vale a pena?


Muitas vezes fico me perguntando, o que realmente vale a pena?
Claro que há muitas coisas que valem, mas me refiro a minha profissão, "professora".
A cada dia que passa, principalmente quando se aproxima o final de ano faço esta reflexão, o que valeu a pena durante este período que se encerra?
Final de semestre no PEAD, quais as provocações que fiz aos meus alunos enquanto educadora com as propostas que estamos vivenciando?
Trabalhar com projetos? Já fazia antes, mas de maneira em que as propostas se estendiam na sua execução, sempre bifurcando em diversas direções, e muitas vezes...só isso, sem continuidade, perdia o fio da meada pelo caminho.
Quando nos foi lançado o desafio dos Projetos de Aprendizagem no PEAD, trabalhamos em grupos e os trabalhos ficaram ótimos, tanto que nos apresentamos no 5º Salão de Educação à Distância na Ufrgs, em mais deste ano. Vários trabalhos foram expostos, por mais que os acadêmicos tenham ficado nervosos, valeu, pois na maioria das vezes, os outros confiam mais no nosso talento do que nós mesmos, sempre achamos que não fomos tão bem assim e que teríamos mais a acrescentar.
Neste semestre nos foi apresentado as Arquiteturas Pedagógicas. Ao ler o texto das professoras Rosane Aragón, Marie Jane e Crediné, percebi qual a real proposta de um trabalho colaborativo.
Além das Arquiteturas serem integradas com todas as interdisciplinas, trabalho que já é feito durante todo o curso do PEAD, este provoca a curiosidade entre os alunos e com isso eles vão em busca da construção do seu próprio conhecimento, valorizando principalmente os conhecimentos prévios e sua vivência. Esta proposta derruba por terra aquela prática antiga, de que o professor é o detentor do saber e que o aluno deve receber tudo pronto.
Vejo nesta proposta uma diferença entre uma educação qualitativa de uma educação quantitativa, neste em que a preocupação é a de vencer conteúdos sem a preocupação com o que o aluno está aprendendo.
E o que isso tem a ver com o início de minha postagem?
Estou em um curso a distância, com atividades inovadoras, recursos diversos, professores qualificados, principalmente as responsáveis pela interdisciplina Seminário Integrador, Bea e Íris, que além de nos puxarem as orelhas nos orientam para que nossas Arquiteturas sejam construções sólidas.
Então, o que realmente vale?
São as inovações que estamos processando e aplicando em nossas salas de aula.

10.11.09

Planejamento

Na interdisicplina de Linguagem e Educação, precisamos fazer um planejamento (o meu foi sobre o Sistema Urinário, com a 4ª série) de um dia de aula. No link traz todo o roteiro da atividade e o objetivo dela para o aluno entender o processo deste sistema.
Com base no texto: "Não há como alfabetizar sem método?", Iole Maria Faviero Trindade, em que a autora defende a ideia de que a alfabetização necessita de um método.
Concordo com a opinião dela, pois não podemos simplesmente chegar em sala de aula sem uma base teórica e querer aplicar atividades sem sentido com os alunos, principalmente os de fase de alfabetização.
Existem diversos métodos, resta o professor avaliar e ver qual se adapta melhor a sua maneira de trabalhar, levando em conta a clientela que será atendida e os recursos que dispõe, apesar de que a criatividade na hora de desenvolver as aulas é fundamental.
Conforme a autora:"...não há como alfabetizar e letrar (não importa a ordem!), na escola, sem o uso de múltiplos métodos que contemplem os processos de ensino e de aprendizagem, isto é, de aquisição (codificação e decodificação) e usos da língua escrita".

2.11.09

Feliz Aniversário Eduardo

Hoje o mundo cristão comemora o Dia de Finados, um dia para lembrar seus entes queridos que já partiram.
Eu neste dia me alegro muito, pois comemoro o aniversário do meu filho, que este ano completa 22 aninhos.
E pra complementar, na quinta-feira passada, dia 29/10, ele conquistou um prêmio de primeiro lugar, o ouro, na Festa do Anuário da Faculdade ESPM, de Melhor Campanha Publicitário de 2008/2 - 2009/1.
O tema da campanha foi a conscientização na proteção aos animais:

"Certas coisas só parecem absurdas
quando acontecem com você."


Eu como mãe orgulhosa não poderia deixar passar esta notícia que tanto me alegrou, e compartilhar com as pessoas que me seguem neste blog.
Este é o primeiro troféu de vários que ainda virão.

PARABÉNS MEU FILHO,
TU REALMENTE ÉS UM FILHO DE OURO.
TE AMO.

Educação, Ensino ou Instrução?

O que significa cada um destes termos?
São tão utilizamos por nós em nosso dia a dia enquanto professores, que já estão interiorizados, mas será que realmente sabemos a diferença entre eles.
Ao assistir o filme “O Menino Selvagem”, história real de um menino encontrado em uma floresta francesa com 11 anos, em 1798, tentei fazer uma identificação e análise destes termos, associando com o trabalho do médico Jean Itard com Victor, o menino selvagem.
A Educação se inicia com o nascimento da criança. Todos em volta dela, são responsáveis por este processo, ensinando-lhe a viver na sociedade da qual ela se insere.
A educação se baseia nas regras, valores e crenças de um povo e transmitidas a esta criança.
A criança vai se expressar de forma espontânea, por imitação ou até por obrigação, e vai interiorizando todas estas formas de socialização educativa.
A educação pode ter duas visões opostas.
A primeira consiste em condicionar o ser humano a valores sociais pela adaptabilidade, imposição e condicionamento, como se ele fosse uma caixa vazia, uma tábua rasa, conforme estudos de Skinner e Pavlov.
A outra visão, afirmada por Rousseau é de que o indivíduo já nasce como que se fosse uma semente, ou seja, carrega com ele desde seu nascimento uma bagagem que já possui e deve ser estimulada, desenvolvida e exteriorizada.
Itard exercita os sentidos de Victor, levando-o a interagir com outros seres humanos, para que assim ele se insira neste ambiente do qual faz parte. Este seria um aprendizado que supostament
e Victor já teria tido, pois se supõe que ele tivesse de 4 a 5 anos quando foi abandonado, então Itard estaria só reavivando a memória instintiva inata de Victor diante de sua condição de ser humano, estaria assim educando Victor.
O Ensino seria o contrário da Educação, antes acreditava-se que ele se desenvolvia só a partir dos 6 anos, hoje já pode-se dizer que é possível antes disso, desde o momento em que a criança inicia sua vivência escolar. A escola é considerado o local onde a criança terá a presença de um professor, formado e especializado em orientá-la a buscar conhecimentos teóricos gerais ou mais específicos conforme o nível de entendimento dos alunos, conforme sua idade, desenvolvendo sua capacidade intelectual.
Estas duas palavras: Educação e Ensino são confundidas por muitos, inclusive por professores. Temos um ponto em comum: é bastante difícil ensinar sem educar, ainda que de uma forma inconsciente.
No filme, vemos Itard cumprindo seu papel de educador, mesmo não tendo conseguido passar para a fase de ensinar. Sua idéia era de ensinar Victor, mas o que ele consegue são só atos mecanizados, imitações, sem a devida compreensão do contexto trabalhado.
A Instrução é diferente dos termos citados acima, consta de um processo relacionado com os conhecimentos práticos que implicam em habilidades, repetição e imitação, ou seja, Saber-Fazer.
A instrução pode se dar em ambientes diferenciados, desde um ginásio até em uma reunião, pois trata-se de uma transmissão de conhecimentos.
O prof. Itard acompanha de perto todo o desenvolvimento de Victor, nas diferentes situações cotidianas, a instrução está presente em todos os momentos.
Em situações aparentemente simples, Itard consegue instruir Victor, desde o abrir a porta do armário ao invés de socá-la até o colocar corretamente as letras da palavra leite em ordem para identificar o objeto de desejo.
Temos que rever conceitos que a cada novo estudo se renovam, e que muitas vezes escutamos coisas do tipo: Já mudaram a maneira de ensinar e aprender?
Mas as pessoas, o mundo e a forma de pensamento muda com o tempo, se estivéssemos estagnados, eu não estaria neste momento digitando esta postagem, não significa que temos que perder nossas tradições, mas nos adequar às mudanças bruscas que estão nos atropelando.
Os pensamentos estão mais rápidos e mais elaborados.
Durante a convivência com Victor, Itard se afeiçoa ao menino, facilitando com isso o trabalho que a princípio seria pela ciência, mas a confiança entre eles impulsionou vários estudos que vemos até hoje, onde há amor, dedicação e confiança entre as partes, a inteligência se desenvolve de maneira mais segura e as transformações
são mais significativas.