27.5.10

Visita de Estágio

Na terça-feira, 25, tive minha primeira visita do Prof. Paulo, durante este meu período de estágio.
No início eu estava muito apreensiva, imagina, macaca velha em sala de aula, nervosa, mas creio que é pelo fato da observação, de ser avaliada, bobagem também.
Bom, angústia a toa, serviu só para deixar meu coração acelerado, que coisa heim?
Porque o ser humano tem mania de não crer em suas potencialidades?
O Prof. Paulo é uma pessoa espetacular,  tranquilo, me passou uma segurança e uma energia positiva que eu estava precisando, mesmo que eu já esteja na reta final deste processo. 
Reta final de planejamento, pois ainda tem o trabalho finalizador deste processo, para depois a energia ficar voltada para o TCC. Aí o bicho pega, shauhaushau...
Na verdade esta etapa do PEAD, nada mais é do que um aprimoramento profissional na minha área de trabalho, a Educação. 
A angústia é a toa, afinal ninguém vai avaliar se eu sei ou não dar aula, mas se a inovação desta proposta da Ufrgs fez a diferença, e eu estou certa que sim, pois estou levando uma aula diferenciada aos meus alunos.
Lembro que no início do PEAD, eu comentava sobre alguns monstrinhos e eu estava os conhecendo aos poucos. Bem, qual não foi minha surpresa quando apresentei um dos meus monstrinhos aos meus alunos, o tal do pbworks, pareciam que já eram velhos conhecidos e o mais gratificante foi que eles me ajudaram na estruturação deste espaço que hoje utilizamos como um grande aliado nas nossas aulas. 
Vou seguir pelo resto do ano, com a certeza de que ele será um companheiro fiel nas minhas propostas de trabalho, achei facilitadora esta inclusão, enquanto trabalho na escola com os alunos, eles também integram a família nesta atividade, pois em casa podem acessar e mostrar aos outros suas produções, além dos colegas que entram e comentam os trabalhos.
Agora é aguardar o término do estágio, certa de que será um término meramente burocrático, pois minha proposta continuará com muitas novidades. 

Que professores teremos amanhã?

Trabalhei este texto com meus alunos da 4ª série esta semana.
Na verdade é uma paralelo entre o ensinar humanizado e o ensinar computadorizado.
Qual deles superará as dificuldades e as agruras da louca vida que estamos enfrentando?
Qual a verdadeira função das máquinas que na verdade vieram para facilitar a vida dos humanos?
Compartilho com todos e desafio a uma reflexão sobre nosso papel na educação. 
Ainda que eu acredite que o caminho é o carinho e o respeito.

Retrocesso
O visitante estranhou porque, quando o levaram para conhecer a sala de aula do futuro, não havia
uma professora-robô, mas duas. A única diferença entre as duas era que uma era feita totalmente de plástico e fibra de vidro — fora, claro, a tela do seu visor e seus componentes eletrônicos —, e a
outra era acolchoada. Uma falava com as crianças com sua voz metálica e mostrava figuras,
números e cenas coloridas no seu visor, e a outra ficava quieta num canto. Uma comandava a sala,
tinha resposta para tudo e centralizava toda a atenção dos alunos, que pareciam conviver muito bem com a sua presença dinâmica, a outra dava a impressão de estar esquecida ali, como uma
experiência errada.
O visitante acompanhou, fascinado, uma aula como ela seria num futuro em que o computador
tivesse substituído o professor. O entendimento entre a máquina e as crianças era perfeito. A
máquina falava com clareza e estava programada de acordo com métodos pedagógicos
cientificamente testados durante anos. Quando não entendiam qualquer coisa as crianças sabiam
exatamente que botões apertar para que a professora-robô repetisse a lição ou, em rápidos
segundos, a reformulasse, para melhor compreensão. (As crianças do futuro já nascerão sabendo
que botões apertar.)
— Fantástico! — comentou o visitante.
— Não é? — concordou o técnico, sorrindo com satisfação.
Foi quando uma das crianças, errando o botão, prendeu o dedo no teclado da professora-robô. Nada grave. O teclado tinha sido cientificamente preparado para não oferecer qualquer risco aos dedos infantis. Mesmo assim, doeu, e a criança começou a chorar. Ao captar o som do choro nos seus sensores, a professora-robô desligou-se automaticamente. Exatamente ao mesmo tempo, o outro robô acendeu-se automaticamente. Dirigiu-se para a criança que chorava e a pegou no colo com os braços de imitação, embalando-a no seu colo acolchoado e dizendo palavras de carinho e conforto numa voz parecida com a do outro robô, só que bem menos metálica. Passada a crise, a criança, consolada e restabelecida, foi colocada no chão e retomou seu lugar entre as outras. A segunda professora-robô voltou para o seu canto e se desligou enquanto a primeira voltou à vida e à aula.
— Fantástico! — repetiu o visitante.
— Não é? — concordou o técnico, ainda mais satisfeito.
— Mas me diga uma coisa... — começou a dizer o visitante.
— Sim?
— Se entendi bem, o segundo robô só existe para fazer a parte mais, digamos, maternal do trabalho pedagógico, enquanto o primeiro faz a parte técnica.
— Exatamente.
— Não seria mais prático — sugeriu o visitante — reunir as duas funções num mesmo robô?
Imediatamente o visitante viu que tinha dito uma bobagem. O técnico sorriu com condescendência.
— Isso — explicou — seria um retrocesso.
— Por quê?
— Estaríamos de volta ao ser humano.
E o técnico sacudiu a cabeça, desanimado. Decididamente, o visitante não entendia de futuro.
(Luís Fernando Veríssimo. In Nova Escola. São Paulo. Abril, out. 1990. p. 19.)