17.10.10

Ser professor...a escola e a cultura de uma nova sociedade...


O prof. Paulo Freire diz que:
 ensinar não é transmitir conhecimentos, 
mas criar as possibilidades para a produção do saber.
        FORMAR é muito mais do que simplesmente EDUCAR.          
Na nossa tradição cultural, ainda temos a concepção de que ensinar é puramente transmitir o conhecimento. 
“Estudei, li, aprendi, me formei, então o que sei...transmito, não importando como a informação é processada”.       
Sou, professora, e sempre procuro levar novidades aos alunos, assuntos que nem sempre fazem parte de seus conteúdos, mas sim de suas rotinas, vivência e atualidade.
Há muito tempo que reflito sobre o uso de alguns acessos a internet, por exemplo o Orkut, e vi que estava agindo exatamente ao contrário do que eu costumo ser. O Laboratório da escola deveria ser um lugar de trocas de informações tecnológicas, então porque não incluir  a acessibilidade de algo tão próximo, atual e personalizado por eles? Podemos sim utilizar o Orkut a nosso favor. Certa vez combinei com os alunos que  iríamos nos comunicar naquele dia pelo Orkut, foi uma festa, uma expectativa grande.  Muitos alunos não têm este acesso, então combinamos duplas com colegas que estão nesta rede social. Aproveitei e conversei sobre a utilização correta do Orkut, que a decisão sobre com quem interagir cabe inteiramente a cada usuário. Com isto eles aprendem a manusear algumas ferramentas tecnológicas de maneira correta, pois os recursos que usamos em aula são feitos somente no espaço escolar.
Ao chegarmos à sala, enviei para suas máquinas a página do website, com o meu espaço também aberto, trocamos endereços e enviamos scraps, onde o combinado era que teriam que escrever corretamente, ou seja, sem abreviaturas ou códigos.  E não é que deu certo?
Qual a conclusão desta aula? Os conhecimentos dos alunos têm que ser respeitados, é a realidade caminhando juntamente com o aprendizado. A curiosidade e a troca de informações fizeram com que os alunos tivessem maior interesse pela aula. Combinamos que sempre que possível deixaremos scraps para nossos amigos nesta rede social, e que de vez em quando, utilizaremos este recurso na aula.       
Relatei esta experiência porque em minha opinião ao desenvolver uma consciência crítica da realidade nos alunos e uma capacidade de gerar idéias novas, teremos realmente uma mudança, abre-se uma porta para uma educação humanista e não dominadora, ou seja, uma pedagogia realmente autônoma.
Paulo Freire confia na vontade das pessoas se tornarem melhores, há uma grande preocupação com a caracterização do meio escolar, um meio de convívio social, onde temos vários tipos de pessoas, em que o professor é uma destas e que deve ter consciência disso, portanto julgar as próprias ações, e porque não inovar com criatividade?
As atitudes que um professor toma dentro de sala de aula e fora dela influenciam o que ele passa para seus alunos, englobando desde recomendações sobre a tomada de consciência de que os alunos têm uma cultura e uma curiosidade que precedem a imposição da escola. Ele tem grande responsabilidade ao ensinar, devendo ter uma ética.
Quando tenho que ensinar os conteúdos obrigatórios, procuro não deixar meus alunos unicamente como agentes passivos do processo. Infelizmente muitas vezes não é assim que acontece, pois ainda tenho resquícios de uma educação tradicional, mas tento sempre fazer diferente.
“Não há docência sem discência”, como diz Freire, neste processo há uma troca de aprenderes, nenhum dos lados é superior ou melhor que o outro, o que ocorre é “quem forma se forma e re-forma ao formar, e quem é formado forma-se e forma ao ser formado”. O ensino não é um processo exclusivo do professor, assim como a aprendizagem não é exclusiva dos alunos.
O professor é também um curioso, um pesquisador, e deve orientar seus alunos a também serem assim. Com esta atitude me sinto uma professora mais próxima do meu aluno, fazendo com que ele se torne um ser que faz a história, e é capaz de intervir e conhecer o seu mundo.
Infelizmente não são atitudes muito fáceis de encontrar. Concordo com Freire quando ele diz que ensinar requer aceitar riscos do desafio do novo, é rejeitar quaisquer formas de discriminação que separa as pessoas em raças, classes, credo....
Este é um processo que interfere na realidade e tem o poder de modificá-la, ensinar exige ter respeito à autonomia do educando como ser. O professor deve respeitar a curiosidade, as diferenças de gosto, a intranqüilidade, as diferentes maneiras de se expressar, a linguagem diferenciada e até a maneira de se portar do aluno. 
O professor deve estar pronto a ouvir, dialogar e fazer de suas aulas momentos de liberdade e respeito mútuo, pois ele tem a sua volta seres em desenvolvimento e ele faz parte desta evolução.

Eixo 4º...2008/1


Chegando ao 4º eixo, tive interdisciplinas que me fizeram refletir sobre minha docência, de onde surgiu a inspiração para eu gostar de ser uma professora atuante, criativa e expansiva em sala de aula?
Inicio com Estudos Sociais, tecendo algumas de minhas memórias....tenho uma experiência enquanto aluna, que tenho certeza que me entusiasmou e muito no ofício de ser uma professora inovadora, creio que posso me classificar assim, pelas aulas diferentes que elaboro e divido com meus alunos. Quando eu era aluna do ensino fundamental, tinha uma professora de Estudos Sociais que fugia dos padrões convencionais de outras na época, enquanto a maioria passava longos textos e pesquisas, nos deixando muitas vezes sem nem saber o que copiava, a minha não, nada de textos longos e cansativos, Copiar??? Claro que sim, mas antes de tudo vinha o melhor da aula, e explicação e a viagem nas longínquas épocas passadas, e ainda contávamos com a presença de reis, rainhas, faraós, bárbaros e tantos que passaram por terras do planeta Terra. Nós sentávamos no chão, à vontade. A professora demonstrava uma paixão pelo conteúdo que passava, tive a sorte de tê-la na 7ª e 8ª séries. O interessante é que se tínhamos interesse em algo que não fizesse parte de nosso conteúdo, ela se estendia no assunto sem nenhum problema, sem aquela necessidade de só esclarecer o que fosse da matéria da série.


Em Ciências, ao assistir um vídeo chamado “Balence”, há um grupo que tenta se equilibrar sobre um bloco suspenso no espaço. Em um determinado ponto do bloco há uma caixa de música que chama a atenção dos 4 elementos, e cada um a sua maneira quer se apropriar do objeto, mas acabam por se desequilibrar no bloco, devido a suas individualidades, provocando assim a queda de alguns.  O que eles não se dão conta é que se eles se unirem, poderão chegar ao meio e usufruir do objeto de desejo juntos. Vejo esta como uma relação com a Educação. A união faz uma construção em conjunto, equilibra, a cooperatividade é mais vantajoso e criativo do que a ignorância individual que acarreta à destruição e desunião.


Já nas Tecnologias da Informação e Comunicação, desenvolvemos a prática de aplicabilidade de vídeos em sala de aula. O fundamental foi aprender a elaborar aulas para trabalhar com vídeos, jogos, sites ou algum documentário e não somente “passar” o tempo seja na sala de vídeo ou nas aulas de Informática, precisamos de um planejamento para então poder auxiliar nossos alunos na construção de seu saber.



Nas atividades de Seminário IV, fizemos um plano de estudos, nossa que coisinha mais complicada...quando se está na posição de professor parece tão fácil saber o que se tem que fazer, mas quando passamos a ser os protagonistas do conteúdo, parece que a coisa fica tão distante. Pois é, isso que tínhamos que fazer, elaborar questões sobre alguns assuntos, tipo, o que quero aprender e ainda não sei? Elaborei sobre o aprendizado do funcionamento do Linux. Se aprendi na época? Não, na verdade levou mais uns 2 anos, não foi fácil, mas consegui...ô pinguinzinho mais complicadinho....

Matemática...Hããã....o bicho papão dos alunos, engraçado que foi uma das melhores interdisciplinas que desenvolvi, creio que foi porque tive que aplicar todas as atividades com os alunos, que por sinal foram os mais beneficiados claro, com práticas diferenciadas, seja on line ou em sala de aula, mas sempre com foco inovador.   


Nossa, quantas mudanças em tão pouco tempo.
Paulo Freire já afirmava:

"Ninguém educa ninguém, 
ninguém educa a si mesmo, 
os homens se educam entre si, 
mediatizados pelo mundo".