
12.10.09
A ARTE DE LIBRAS

EJA - Sucesso ou ?????

Com base no texto de Regina Hara, podemos fazer uma reflexão sobre a prática docente e os desafios para se manter os jovens e adultos interessados nas aulas, pois há diversos fatores para que eles desistam da escola. Quando falamos em alfabetização de adultos, não podemos esquecer que encontramos pessoas com uma realidade diferente dos estudantes em idade considerada normal, pois eles trabalham o dia inteiro, estão cansados e ainda tem que freqüentar a noite uma sala de aula e se deparam com professores e seus métodos educacionais tradicionais. Tenho um exemplo, a merendeira da minha escola faz o EJA, e constantemente eu a ajudo com as tarefas, e fico me perguntando se tudo que ela está aprendendo realmente fará diferença na sua vida como: nome de TODOS os mares do planeta terra, de todos mesmo, até os menores do continente Europeu. Será esta a sua realidade para que possa obter um certificado de conclusão escolar? São estas aprendizagens que se tornam sem necessidade e fazem com que muitos fiquem desmotivados, pois a realidade é outra. Concordo que eles devam se atualizar, pois bem, não temos assuntos mais interessantes rolando no momento e que interessaria muito mais os adultos que já interagem com a realidade, isso faria com que eles estimulassem o pensamento crítico e consciente frente a problemas reais. Regina Hara nos fala sobre a incorporação do fracasso em seu texto: Alfabetização de adultos: ainda um desafio. Muitos alunos adultos se encontram na situação de desacreditação em si mesmos (sei que este termo não existe, mas ilustra a idéia), como aqueles que não têm capacidade de aprender a ler e escrever, se subestimando e se tratando como incapazes. O que o professor deve fazer? Valorizar as idéias, as habilidades no lar, no trabalho e na sociedade, incorporando a vivência e a realidade deste aluno à sala de aula, conhecendo assim o ser humano que está a sua frente e com sede de aprender, o que não pode é deixar que o desânimo seja o conteúdo principal da aula.
Criança diz cada uma
Realizei esta atividade para a interdisciplina de Linguagem e Educação, filmar uma criança em fase de alfabetização, onde ela contaria uma história. Leonardo tem 3 anos e 2 meses, irmão de meu afilhado e que me chama de dinda por causa do irmão. É uma criança que sempre teve contato com livrinhos, CDs musicais e de historinhas, brinquedos pedagógicos, brinca muito ao ar livre com bola, bicicleta, carrinhos e freqüenta escolinha. Sempre foi muito estimulado em suas construções orais e de acordo com o texto “Tem um monstro no meio da história, de Thais Gurgel” o incentivo a criação oral fez com que Leonardo relatasse sua história com detalhes criado por ele, e misturados com a realidade que o cerca e ao mesmo tempo com uma seqüência dos fatos. Os adultos neste processo devem ser os incentivadores ajudando para que a criança desenvolva sua capacidade de criar suas próprias fantasias textuais orais. A criança vai incorporando ingredientes de dramatização em suas produções orais, criando assim conflitos, ações. No texto já citado é descrito:
"O mais comum e saudável é que a criança misture realidade e ficção para mais tarde separá-las", diz Maria Virgínia. Segundo a especialista, o adulto não deve questionar se o que ela conta é verdade ou invenção, mas embarcar na aventura e pedir mais detalhes".
O adulto tem uma função de suma importância no desenvolvimento da produção oral das crianças, deve haver uma parceria e uma cumplicidade entre as partes ao questionar e indagar sobre os fatos relatados e nunca se pode intervir com questionamentos do tipo: é verdade ou mentira? A inclusão do papai do céu na história é devida sua vivência de fazer oração antes de dormir, e como a bruxa tinha ido dormir nada mais correto que ela estaria com o papai do céu no momento, esta é a fala com ele ao se deitar: dorme com o papai do céu.
“A distinção entre ficção e realidade ainda está em desenvolvimento nos anos da Educação Infantil - um aspecto que sempre deve ser considerado nas conversas com os pequenos. Isso se relaciona com uma das características mais vivas do pensamento da criança: o sincretismo, ou seja, a liberdade de associar elementos da realidade segundo critérios pessoais, pautados principalmente por afetividade, observação e imaginação.”
Com base também na leitura complementar “Concepções não-valorizadas da escrita: a escrita como um outro modo de falar, Rojo”, a criança antes de entrar no processo de pensar/ler/escrever, passa pelo processo do falar/pensar tornando-se assim o que se chama de leitor verbal e cabe ao adulto permitir este processo dando oportunidade para que ela crie suas histórias dentro de um contexto imaginário onde sua vivência faz parte desta criação.